Comunidade no Facebook reúne 4 mil gays evangélicos e mostra crescimento das igrejas inclusivas
Publicado por Tiago Chagas em 26 de maio de 2015
Tags: Anna Virginia Balloussier, Bíblia Comentada Graça sobre Graça, Bíblia Sagrada, Homossexualidade, Igr eja Cristã Contemporânea, igrejas inclusivas, Marcos Gladstone, Namoro Evangélico LGBT, pastor fabio inacio,pastor marcos gladstone, Pecado
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As
igrejas inclusivas, que se dedicam a congregar homossexuais sem pregar
contra a prática, vêm crescendo ano após ano no Brasil. Uma amostra
disso é uma comunidade no Facebook que reúne 4 mil membros.
A
ideia do grupo virtual chamado Namoro Evangélico LGBT é proteger gays e
lésbicas contra “mundo lá fora”. Um dos participantes, Douglas dos
Santos, 18 anos, se apresenta como um gay evangélico pentecostal.
“Já
falaram que eu ia à igreja só por interesse pelo pastor e pelos
irmãos”, afirmou Douglas, em entrevista à jornalista Anna Virginia
Balloussier, do jornal Folha de S. Paulo.
O
jovem frequentador da Assembleia de Deus por muito tempo ouviu que
precisava ser liberto, e para isso fazia jejum até de chocolate: “Diziam
que se eu jejuasse seria liberto, que [ser gay] era coisa da carne”, contou.
Ao
contrário da maioria dos homossexuais assumidos, ele não se sentiu bem
em uma igreja inclusiva: “Não tinha o fervor que eu precisava”, afirmou
Douglas, que voltou a frequentar os cultos de uma igreja pentecostal.
Já
para Simone da Silva, 43 anos, e Márcia Inocêncio, 55 anos, aconteceu
justamente o contrário. Como sentiam-se reprimidas em igrejas
tradicionais, buscaram um lugar em que se ajustassem e passaram a
frequentar a Igreja Cristã Contemporânea (ICC), do casal de pastores
gays Marcos Gladstone, 39 anos, e Fábio Inácio, 35 anos (foto).
Simone,
mãe de três filhos, sentia-se “ferida por tantas agressões” sofridas em
relacionamentos heterossexuais, até que passou a namorar mulheres.
Conheceu Márcia, que era frequentadora de uma igreja tradicional, e
ouviu do pastor que “tinha que ser Adão e Eva, não Eva e Eva”.
“Fiquei
murcha por dentro. Não é possível que Jesus não ame a gente”, afirmou
Simone. Márcia, que se esforçava para não externar sua orientação, disse
que não se sentia bem na igreja: “Era dificultoso disfarçar [sua
orientação sexual]. Procurava sempre fazer escova no cabelo. Camiseta,
jamais”, contou.
A
frustração das duas as levaram a encontrar a igreja inclusiva de
Gladstone e Inácio, que atualmente tem nove templos, espalhados por São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e três mil membros.
A
pregação de ambos é que a Bíblia deve ser interpretada conforme a época
que está sendo lida, e argumenta que a passagem de Levítico que
considera a homossexualidade como “abominação” como algo que ficou no
passado: “A mesma passagem diz que você não pode comer carne de porco,
tocar na mulher durante seu ciclo e fazer a barba”, observou Gladstone.
Nos
cultos da ICC, mulheres tocam vestidas de terno e gravata, e homens
usam camisas brilhantes enquanto dançam com guarda-chuvas coloridos,
como num espetáculo de frevo. As celebrações atraem os homossexuais e
suas mães e amigos.
Em
breve, o casal de pastores gays vai lançar uma versão da Bíblia,
comentada, chamada “Graça sobre Graça”, com explicações sobre a
homossexualidade, o racismo e o preconceito contra mulheres.
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